J'avais dessiné sur le sable
Son doux visage qui me souriait
Puis il a plu sur cette plage
Dans cet orage, elle a disparu

Et j'ai crié, crié, Aline, pour qu'elle revienne
Et j'ai pleuré, pleuré, oh! j'avais trop de peine

( Christophe)



Eu sei que já disse a vocês, uma outra vez, que adoro música francesa. E Aline é uma de minhas canções favoritas. A sonoridade da letra nos faz viajar pelos universos paralelos e nos faz sentir o desespero de um amor não correspondido.  Podemos dizer que Aline tem muita sorte... alguém a ama tanto, mas tanto, que não se conforma em perde-la para o mundo. Mas... será que é tão bom assim ter alguém tão apaixonado por nós? Alguém que simplesmente fica desesperado quando o relacionamento acaba e cada um tem que seguir seu destino? Por mais lindo que possa parecer um amor desse tamanho, a resposta é não. Não é nada bom ter alguém tão obcecado por nós... e por um motivo bem simples... a obsessão não é amor... na verdade é um sentimento de posse de algo que de repente se perdeu, e por isso, e apenas por isso, a dor da perda não pode ser mensurada. E é aí que mora o perigo. Se alguém se sente como seu dono sentimentalmente falando, em algum momento vai tentar sufocar a sua autonomia, vai tentar tornar-se o seu desejo e a sua vontade, não te deixando ser você em sua plenitude. Porque  você nada mais é do que o princípio e o fim do amor que esse alguém pensa sentir na vida...

Quando uma pessoa ama a outra, tudo o que ela realmente deseja é que a pessoa amada seja feliz. Em hipótese alguma vai tentar anular a personalidade da pessoa amada, porque é isso que atraiu sua atenção e a fez se apaixonar. Ela ama a pessoa real. Porém, algumas pessoas idealizam o ser amado e, quando descobrem que a pessoa dos seus sonhos existe apenas em seus sonhos, tenta por todos os meio moldá-la para que esta corresponda a seus desejos, a suas aspirações. Não é incomum ouvir da boca de algumas pessoas "eu gosto tanto de fulano... vou fazer com que mude seu jeito nisso ou naquilo que não me agrada..."

Está tudo errado, não é mesmo? Se você ama fulano, mas quer que algum aspecto de sua personalidade seja modificada para corresponder a sua visão de perfeição, então na verdade o que você precisa é de um espelho para se mirar, pois não é pela pessoa que você está apaixonada... é por você mesma...

Os casos de perseguições pós namoro (os fins de relacionamentos) tem tudo a ver com isso. Quando uma pessoa começa a perseguir seu ex amor, não é porque ela o ama... é simplesmente porque não consegue superar a perda do objeto que tinha ao seu lado... sim, a pessoa foi  transformada em um simples objeto que a outra possuía, e que de repente perdeu... mas não aceita isso, pois aquilo que é dela ninguém mais poderá possuir. Estranho? Nem um pouco, se você pensar que já ouviu da boca de conhecidos a frase "fulano é meu, e não aceito dividir com ninguém"... bem, só para inicio de conversa, fulano não pertence a ninguém,  afinal é um ser pensante, que tem seus sonhos e desejos... se em algum momento descobriu que a pessoa ao seu lado não correspondia ao que esperava, é seu direito deixá-la para trás e partir para outra, na procura de sua felicidade. É assim que a vida deveria seguir, afinal... deveria, mas nem sempre segue.

O que muitas pessoas não conseguem entender é que o amor é um sentimento que faz com que desejemos que o ser amado seja feliz em toda a sua plenitude. Afinal, não é um objeto que podemos manobrar conforme nossos desejos. Não. É um ser humano, por quem por acaso temos um sentimento de ternura. E a única coisa que desejamos é que ele seja feliz. Mesmo que não seja ao nosso lado. Mesmo que seja ao lado de outra pessoa. Porque amar de verdade é isso. É desejar que a pessoa amada realmente viva o amor em toda a sua plenitude.

Quando ouvimos que uma pessoa jurou a outra de morte porque esta deixou de ama-la, quando ouvimos que uma pessoa diz para sua parceira que, se ela a deixar, não será de mais ninguém... bem, aí não existe o menor sinal de amor de uma pela outra. Porque você jamais vai desejar destruir o ser amado. Que amor é esse, que prefere destruir a pessoa "amada" a deixa-la seguir sua vida e ser feliz? A resposta é simples... não é amor. É simplesmente sentimento de posse. Ninguém mata ou morre por amor, pois amor não é isso, amor não compactua com violência. Amor é um sentimento sublime, onde o bem estar da pessoa amada está em primeiro lugar...