Tania Miranda

A vida é como um rio que corre para o oceano

Textos

0911 - JOVITA FEITOSA
Bom dia... hoje vamos falar de mais uma heroína da Pátria... Hoje falaremos de Antonia Alves Feitosa. Lutou por seus ideais, porém como já disse alguém certa vez... "nem sempre sua vontade é suficiente para realizar seus desejos"! E qual era o desejo de Antonia? Servir à Pátria, sacrificando sua vida, se necessário fosse...

Antonia, ou simplesmente Jovita, como era conhecida, nasceu no povoado de Brejo Seco (hoje, Tauá), no Ceará. Em 1860, quando ela tinha doze anos, sua mãe morreu de cólera. Em 1865, mudou-se para a casa de um tio em Jaicós, no Piauí.  Vestida como homem, com o cabelo cortado, alistou-se no exército, na campanha da Guerra do Paraguai. Vamos nos lembrar que nessa época não se aceitava mulheres no serviço militar, exceto para exercer a função de enfermeira... mas não era isso que Jovita desejava. Ela queria ir para a frente de batalha, lutar ombro a ombro com seus compatriotas

Conseguiu se engajar no exército, porém uma mulher a denunciou e, por esse motivo, foi levada pelas autoridade policiais para se explicar. Depois de muita conversa, conseguiu ser aceita no efetivo do Estado, com a patente de segundo sargento. Embarcou com o regimento para o Rio de Janeiro. Porém, como nada é perfeito, o Ministro da Guerra não autorizou sua ida para o campo de batalha, considerando-a incompatível para lutar no front, pelo simples fato de ser mulher...

Nem mesmo sua entrevista com o Imperador Dom Pedro II conseguiu mudar essa situação. E Jovita teve que retornar para sua cidade natal, onde foi recebida friamente por sua família. Não conseguindo adaptar-se novamente ao mundo de sua infância, retornou ao Rio de Janeiro, onde conheceu o engenheiro inglês Willian Noot, com quem manteve um relacionamento. Terminando o contrato de trabalho que Willian tinha com a Rio de Janeiro City Improvements Ltd, este tinha que voltar para a Inglaterra. Escreveu um bilhete em inglês para Jovita que, não sabendo ler a mesma, acreditou que nesta haviam apenas os cumprimentos habituais que este lhe fazia em português... e não lhe deu a devida importância.

Quando, através de terceiros, ficou sabendo da partida iminente de Willian, foi encontrá-lo em sua residência... mas ele já havia partido. Jovita foi ao quarto do engenheiro, pediu um envelope para a escrava, colocou no mesmo alguns papéis para Noot e pediu à serviçal que o enviasse ao engenheiro.

Estranhando a demora da moça no quarto, a escrava resolveu verificar o que ocorria. Encontrou-a deitada na cama, com a mão sobre o peito. Ao tentar reanimá-la, visto que aparentemente estava desacordada, descobriu que esta tinha um punhal cravado firmemente no coração... ao seu lado, um bilhete com os dizeres..."ninguém me ofendeu... parto desse mundo por motivos conhecidos apenas por mim e por Deus"...

E assim se encerra a vida de uma mulher que desejava lutar pela liberdade de seu povo... mas foi incompreendida pela sociedade de seu tempo...
Tania Miranda
Enviado por Tania Miranda em 12/11/2023
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