22 de Novembro de 1910, Baía da Guanabara. 4 navios militares brasileiros apontavam seus canhões para a cidade do Rio de Janeiro, então Capital do Brasil. Era o início da Revolta da Chibata, liderada pelo marinheiro João Candido Felisberto...

Mas o que foi a Revolta da Chibatas, mesmo? Bem, como sabemos, as Forças Armadas são um tanto quanto... tradicionalistas. Difíceis de mudar uma rotina, por mais que ela pareça, aos olhos de outrem, ultrapassada. E das 3 armas, a Marinha é, sem dúvida, a mais conservadora, apegada às suas tradições...

Sim, mas... e daí? Daí que, embora a Abolição da Escravidão tenha ocorrido em 1888, em 1910 os marinheiros ainda eram tratados como se escravos fossem. Péssima alimentação, soldo irrisório e castigos corporais... um marinheiro indisciplinado era açoitado no convés. Era algo legal e cotidiano. Era a lei.

E foi contra essa lei absurda que João Candido e seus pares se rebelaram. Afinal, eram tratados como escravos, e não homens livres. O comando era constituído por homens brancos. Os marinheiros? A maioria era negra...

A Revolta foi um dos maiores motins navais da história, comparável ao do Potemkin,  ocorrido pouco antes na Rússia czarista.

João Candido era um líder carismático. E respeitado por seus pares. Liderou uma insubordinação militar por uma questão trabalhista em uma época sem greves e com hierarquias muito arraigadas, mantidas com violência.

João Candido e sua turma mantiveram a queda de braço com o Governo Federal por vários dias. Ele, inclusive, telegrafou um ultimato para o presidente Hermes da Fonseca. Nessa disputa, acabaram por disparar contra a cidade... duas crianças foram atingidas.

3.000 insurgentes tomaram 4 navios, sendo 2 recém chegados de New Castle...

João Candido desembarcou vitorioso da contenda, mas foi encarcerado, junto com seus pares. Ele e mais 20 amotinados foram presos na Ilha das Cobras, na Baía da Guanabara...foi um dos poucos sobreviventes da prisão.

Depois de sair da prisão, foi expulso da Marinha e caiu no ostracismo...sobreviveu vendendo peixes e também graças à solidariedade de outros marinheiros...